Ciência e Tecnologia
Resíduos que se transformam em arte e renda
Caixinhas de leite, sobras de tecido e de couro, materiais considerados “lixo”, que, quando trabalhados, se transformam em produtos como porta-copos, bijuterias, cortinas, ecobags, necessaires. É assim que Allana Vilela, do coletivo Casa Cultural Dona Antônia, de Betim, ganha seu sustento. A artesã utiliza diversos materiais em suas peças, entre eles, os recicláveis.
“Algumas empresas enviam para nós resíduos de materiais, como poliéster”, conta, explicando, que o trabalho de reciclagem faz parte do princípio da sustentabilidade. “A natureza é capaz de se retroalimentar, inclusive, com as sobras. E nós também somos capazes de colaborar, né?”, disse.
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A artesã foi uma das expositoras da 1ª Feira Mineira de Resíduos, evento promovido pelo Sindicato das Empresas de Coleta, Limpeza e Industrialização de Resíduos (Sindilurb-MG), nos dias 6 e 7/10. A feira foi realizada no Centro de Inovação e Tecnologia (CIT SENAI) e contou com atores das diversas áreas do mercado de resíduos, com base na economia circular, como a Allana.
Se a artesã trabalha com materiais recicláveis de baixo valor comercial, a empresa Essencis Soluções Ambientais tem, entre os seus serviços, a chamada “mineração urbana”. “É um tipo de logística reversa, que recupera metais nobres de placas eletrônicas e de catalisadores automotivos”, explica Maria Cristina Santos, consultora comercial da Essencis.
A empresa trabalha com parceiros licenciados, que fazem o recolhimento e separam o material em que a empresa tem interesse – placas eletrônicas e catalisadores automotivos que, depois de desmontados, são enviados para a Bélgica. “Lá, é realizada a recuperação de metais nobres, como ouro, prata, ródio, paládio e platina”, explicou, pontuando, que, atualmente, o Brasil não tem esse tipo de tecnologia.
Enquanto a Essencis e a Casa Cultural Dona Antônia transformam materiais reciclados em arte e renda, a Argos Monitoramento garante que o que realmente é considerado lixo chegue, em segurança, aos aterros sanitários. “Oferecemos uma ferramenta de gestão digital e automatizada às empresas que prestam serviços de limpeza urbana e aterro sanitário”, esclarece Daniel Junqueira, diretor da Argos Monitoramento. A empresa utiliza tecnologia da indústria 4.0 e oferece vantagens como a otimização da rota e as diminuições de custos com combustível e manutenção de equipamentos. “Isso tudo reflete em economia, melhor produtividade e menor emissão de poluentes no meio ambiente”, afirma o empresário.
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Soluções para o setor de limpeza urbana – A 1ª Feira Mineira de Resíduos foi uma grande mostra de tecnologias para o setor e, também, um salão de negócios. Seu objetivo foi demonstrar como os diversos tipos de materiais podem se transformar em insumos, seja para a indústria ou para a geração de energia. “Precisamos transformar os resíduos em ativos ambientais e esta é a proposta deste evento”, explica Mauricio Sigaud, presidente do Sindilurb-MG. “É, também, uma oportunidade de quebrar o paradigma de como a sociedade e a indústria enxergam seus resíduos”, reforçou Sigaud.
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Para a realização da feira, o sindicato contou com o apoio de instituições ligadas ao setor, entre elas, a FIEMG. “É preciso reconhecer, publicamente, o trabalho sério e responsável que o Sindilurb-MG faz. O sindicato está sempre preocupado em trazer novidades, conhecimento e melhorias para o ambiente de negócios em que as empresas, que por ele são representadas, estão inseridas”, afirma Laila Katina, assessora de Desenvolvimento Sindical da FIEMG.
A gestora representou Flávio Roscoe, presidente da Federação, durante o evento e comentou a relevância do setor. “Acredito que a proposta desse evento foi fomentar a inovação, gerar aprendizado e conectar toda a cadeia produtiva que envolve o setor, ter negócios, oportunidades”, afirmou, ressaltando que é imperativa a transformação de resíduos em ativos ambientais.
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Também foram parceiros da 1ª Feira Mineira de Resíduos: Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG), patrocinador Master, juntamente com o Sindicato dos Empregados em Edifícios e Condomínios, em Empresas de Prestação de Serviços em Asseio, Conservação, Higienização, Desinsetização, Portaria, Vigia e dos Cabineiros de Belo Horizonte (Sindeac) e a Federação dos Empregados em Turismo e Hospitalidade de Minas Gerais (Fethemg), Argos Monitoramento e o escritório de Advocacia Roberto Cançado Vasconcelos.
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