Tocantins
Feminicídio de Delvânia Campelo choca o Tocantins e reacende debate sobre violência contra mulheres
Delvânia Campelo morre vítima de feminicídio. Em nota, o governador lamentou a perda e reafirmou seu compromisso no combate à violência contra a mulher.

Na tarde desta sexta-feira, 11 de abril de 2025, a assistente social Delvânia Campelo da Silva, de 50 anos, teve sua morte encefálica confirmada após 21 dias internada na UTI do Hospital Geral de Palmas (HGP). Delvânia foi brutalmente agredida em 22 de março, em uma chácara na zona rural de Caseara, crime que chocou o estado e reacendeu o debate sobre a violência contra a mulher no Tocantins.
O principal suspeito do crime é Gilman Rodrigues da Silva, ex-vice-prefeito de Caseara e ex-companheiro de Delvânia. Segundo a Polícia Civil, o ataque foi motivado por ciúmes e comportamento possessivo. Durante a agressão, Delvânia conseguiu enviar mensagens e imagens de suas lesões a um grupo de WhatsApp, pedindo socorro. Gilman fugiu após o crime e se apresentou à polícia três dias depois, alegando legítima defesa, versão considerada contraditória pelas autoridades. Ele está preso preventivamente na Unidade Penal de Paraíso do Tocantins.
A família de Delvânia autorizou a doação de seus órgãos, gesto que reflete sua dedicação às causas sociais e ao cuidado com o próximo. “Mesmo com a partida dela, Delvânia vai continuar fazendo o bem. Esse sempre foi o jeito dela”, declarou uma familiar emocionada.
O governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa, emitiu uma nota de pesar, lamentando profundamente o falecimento de Delvânia e reafirmando seu compromisso no combate à violência contra a mulher. “Desde o início deste caso brutal, determinei todas as providências, tanto por parte da equipe multidisciplinar que a atendeu no Hospital Geral de Palmas, como da Polícia Civil para a apuração do crime e punição do culpado por parte da Justiça”, destacou o governador.
Aumento das Denúncias de Violência contra a Mulher no Tocantins
Dados recentes apontam para um aumento significativo nas denúncias de violência contra a mulher no estado. Em 2024, a Central de Atendimento à Mulher — Ligue 180 registrou 4.353 atendimentos no Tocantins, um aumento de 18,26% em relação ao ano anterior. As denúncias também cresceram 14,75%, passando de 549 em 2023 para 630 em 2024.
Entre as denúncias, 365 foram feitas pela própria vítima, enquanto 264 foram por terceiros. A residência compartilhada por vítima e suspeito continua sendo o local mais frequente das agressões. Mulheres pretas e pardas são as principais vítimas, e os agressores mais comuns são esposos, companheiros ou ex-companheiros.
Estatísticas de Feminicídio no Estado
Em 2023, o Tocantins registrou 18 casos de feminicídio. No início de 2024, até 7 de março, já haviam sido registrados 15 casos, representando 83,33% do total do ano anterior. Palmas lidera com o maior número de ocorrências, seguida por Araguaína e Porto Nacional.
Apesar de ações estratégicas, como campanhas de conscientização e operações policiais, os números indicam que a violência contra a mulher continua sendo um desafio significativo no estado.
O trágico caso de Delvânia Campelo da Silva destaca a urgência de medidas mais eficazes no combate à violência de gênero. É fundamental que a sociedade e as autoridades intensifiquem esforços para proteger as mulheres e garantir que crimes como este não se repitam.
O Portal JaciaraBarros se soma à dor da família, exige justiça e cobra mais rigor do Estado na prevenção, no acolhimento e na punição aos agressores. Porque não basta lamentar: é preciso agir com firmeza para que nenhuma mulher seja esquecida ou silenciada.