Educação
Educadores se tornam primeiros indígenas Yanomami com título de mestre na Universidade Federal do Amazonas

Nesta quarta-feira, 23 de abril, a educação amazonense viveu um momento histórico, quando os educadores Edinho, Modesto e Odorico se tornaram os primeiros indígenas Yanomami a obterem o título de mestre do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA), da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).
As defesas ocorreram no Instituto de Filosofia, Ciências Humanas e Sociais (IFCHS) do campus sede, localizado em Manaus, como parte da programação do encontro inédito “Davi Kopenawa: palavras de um xamã Yanomami”.
Edinho, Modesto e Odorico são graduados em Licenciatura Indígena – Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável e atuam como professores do ensino básico em dois Xaponos (casa coletiva Yanomami), no Rio Marauiá, onde constroem pontes entre o saber tradicional e a formação escolar.
O ingresso no mestrado ocorreu em 2023, quando o PPGSCA ofertou uma turma em São Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros da capital). Todos enfrentaram dificuldades para concluir os estudos: domínio da língua portuguesa, compreensão das atividades, disponibilidade de computadores e o deslocamento, interrompido durante a estiagem recorde de 2023, foram alguns dos desafios.
Com apoio da UFAM, e concessão de bolsas e equipamentos pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), os três finalizaram suas dissertações, cujo objeto de pesquisa tratou da ancestralidade do povo Yanomami.
Odorico Xamatari Hayata Yanomami foi o primeiro aprovado pela banca de mestrado com o tema “O Matohi Yanomami: uma autoetnografia do corpo de um aprendiz de hekura do Xapono Balaio do Rio Marauiá/AM”. Após defender sua dissertação, ele não escondeu a felicidade.
“Estou muito satisfeito e emocionado como um Yanomami que conseguiu vencer as batalhas. Eu não sou individual, me formei como coletivo do povo do Amazonas”, destacou.
A segunda defesa de dissertação foi feita Edinho Yanomami Yarimina Xamatari com o tema “Pohoropihiwitëri Pë á Rii Rë Haiwei – A língua materna dos Yanomami de Pohoroâ”, motivada por sua percepção sobre a importância de manter viva a língua de seu povo.
“Eu estava vendo que havia um problema. Cada Xapono já vem deixando um pouquinho da língua Yanomami. Quem está vindo vai ver que o material [didático] já está elaborado para ser trabalhado com as crianças na escola. […]. Eu estou alegre, porque estou defendendo o resultado de minhas dificuldades”, explicou.
Quem finalizou as defesas foi Modesto Yanomami Xamatari Amaroko, cujo tema de dissertação foi “Amôa Yanomami: Reflexões sobre a função e as transformações das amôa (músicas) na vida do Xapono Balaio do Rio Marauiá”. Agora, o próximo passo é seguir para o Doutorado, onde pretende continuar explorando a música Yanomami.
“Hoje é um dia muito especial. Nós, três Yanomami, do município de Santa Isabel [do Rio Negro], estamos concluindo nosso trabalho. Estamos levando novidades para nossas comunidades, e estou muito feliz e agradecido por todo apoio. Isso é muito importante para mim e minhas lideranças tradicionais”, finalizou.
Educação em terra Yanomami
Em seu momento de fala, Davi Kopenawa exaltou a dedicação empreendida para ajudar a transformar a realidade do povo Yanomami. “Vocês sofreram [dificuldades], mas aprenderam. Isso era o que eu queria há 10, 20 anos passados. Vocês três escolheram um bom caminho. Isso é resultado de nossa luta. Estou muito orgulhoso de vocês, são meus primos e guerreiros”, declarou emocionado.
Porém, Kopenawa não foi brando ao cobrar publicamente a construção de escolas em pontos estratégicos para atender a população indígena — uma promessa que a cada ano se repete. “Em 2025, precisamos que o Ministério da Educação [MEC] olhe para nós, todos os Yanomami. Isso é o que nós queremos: ter escolas construídas. […]. Não queremos aprender para ganhar dinheiro, mas para proteger a floresta onde está a saúde, a harmonia, a alegria, o trabalho. Se não funcionar, vamos nos pintar para pressionar quem está suvinando as escolas nas comunidades. […]. Se não resolverem, vamos para o exterior até chegar na ONU [Organização das Nações Unidas]”, afirmou veementemente.
Apoio de professores
Devido à seca histórica de 2023, os mestrandos não conseguiram assistir às aulas em São Gabriel da Cachoeira. A solução encontrada pela coordenação do PPGSCA foi enviar dois professores para realizar a orientação em territórios tradicionais. O professor Dr. Agenor Cavalcanti foi um dos que aceitou o desafio.
Para ele, a conquista do mestrado por parte de três indígenas representa uma reparação histórica para a educação amazonense. “É um engajamento do processo da pós-graduação com a inclusão de intelectuais indígenas. Isso não será revertido. Eu vejo o futuro da universidade nesta linha, pois passamos muito tempo formando conhecimento hegemônicos e especialistas ‘stricto sensu’, mas agora chegou o momento de reconhecer as apropriação que, por muito tempo, a ciência fez e [agora] fazer com que nossas dissertações sejam feitas pelos povos indígenas, que antes eram objetos de estudo desta universidade. […]. Esses três são uma reparação histórica muito pequena, mas é algo que inicia”, afirma.
Caio Souto, professor do PPGSCA, coordenou diversas reuniões e iniciativas para que os mestrandos finalizassem o curso. Além disso, atuou como orientador no trabalho de Modesto e coorientador junto às pesquisas de Edinho e Odorico.
No segundo semestre deste ano, o PPGSCA pretende lançar um novo edital de mestrado e, agora, também de doutorado fora da sede, em São Gabriel da Cachoeira. A expectativa é que novas turmas, com mais vagas, continuem a ser ofertadas em 2026, de forma que estudantes de municípios próximos, como Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos (a 406 quilômetros da capital).
Além disso, entre os dias 26 a 30 de maio, o PPGSCA vai realizar as defesas dos outros 27 estudantes que concluíram o mestrado em São Gabriel da Cachoeira.
O momento vai contar com 20 doutores para avaliar as dissertações, contado também com representantes públicos, como Dadá Baniwa, coordenadora da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) na região do Rio Negro, e Joenia Wapichana, presidente da FUNAI.
Caio enfatiza que este é um novo passo na história da universidade. “Esse programa tem 27 anos. Esperamos que ele cresça cada vez mais, acolha cada vez mais os povos indígenas da Amazônia e de outros locais, e que colabore com outros projetos. Estou profundamente emocionado por ter participado disso”, declarou Caio.
Educação
APM Cursos inaugura unidade em Palmas e amplia acesso à especialização médica no Tocantins

No próximo dia 04 de julho, Palmas receberá a inauguração da unidade da Academia de Cursos Médicos (APM), que oferece cursos de pós-graduação e capacitação técnica voltados a profissionais da saúde. A chegada da instituição ao Tocantins representa um marco para a educação médica no Estado, que passa a contar com uma opção local para formação especializada, antes concentrada em outras regiões do País.
A programação de abertura começa às 7 horas, no auditório do Sindicato dos Médicos do Tocantins (Simed), com uma aula magna sobre osteoporose, ministrada pelo médico e professor Dr. Frederico Barra, ortopedista especialista em dor e doenças osteometabólicas.
Das 10h às 13h, será realizado um workshop na Clínica Ortopédica do Tocantins (COT), com atividades práticas. Ainda pela manhã, os participantes poderão acompanhar uma oficina sobre Desintometria Óssea, exame utilizado no diagnóstico de doenças como a osteoporose. Em seguida, serão apresentadas tecnologias aplicadas ao tratamento da dor, como a Terapia por Ondas de Choque (TOC) e o Laser de Alta Intensidade, ambos indicados para lesões e dores musculoesqueléticas.
À noite, a partir das 18h20, a programação retorna ao Simed com as palestras: “IA: o estado da arte e a prática médica”, conduzida pelo professor Dr. Leonardo Ludovico Póvoa e, o tema “Cannabis na dor musculoesquelética: O que você precisa saber”, ministrada pelo professor Dr. Frederico Barra. Em seguida, ocorre o coquetel de inauguração, na área social do sindicato.
Educação médica mais próxima da realidade local
Para o coordenador acadêmico da APM em Palmas, Dr. Elton Stecca Santana, a instalação da unidade no Tocantins representa uma importante descentralização do ensino médico especializado. “A proposta é facilitar o acesso de médicos e profissionais da saúde a formações presenciais de qualidade, que antes exigiam deslocamento para regiões como Sudeste e Sul. A expectativa é que a unidade funcione como um polo regional de educação continuada, atendendo demandas e contribuindo para a qualificação da prática médica no Estado”, afirma.
Segundo ele, a iniciativa também ajuda a reduzir desigualdades no acesso à atualização profissional, especialmente para médicos que atuam em cidades do interior. “É uma oportunidade para que esses profissionais se qualifiquem sem precisar sair do Tocantins”, destaca.
Educação
Projeto Bela Escola reúne grafiteiras e estudantes para transformar escolas com arte
Projeto Bela Escola leva murais criados por mulheres às regiões norte e sul de Palmas, com protagonismo de alunas do ensino médio

Financiado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc, por meio do Ministério da Cultura e Governo Federal, o projeto pode ser acompanhado pelo Instagram: @belaescola_.
A diretora da Escola Estadual Vale do Sol, Kátia Macedo, conta que os murais trouxeram um novo clima à escola. “Vai ser um impacto quando os alunos chegarem e verem a escola assim. Quando a gente falou do projeto, muitos não tinham noção da magnitude. São imagens maravilhosas, indígenas, figuras da cultura tocantinense, e tudo com muito respeito ao espaço escolar”, afirmou. Ela também celebrou o envolvimento das meninas no projeto: “As alunas que participaram do concurso agora têm uma chance real de expandir seus talentos. Elas viram que têm habilidade, e isso puxa outras. Vão se tornar multiplicadoras.”
Para Angélica Ribeiro, de 16 anos, estudante do segundo ano do ensino médio e uma das autoras dos desenhos escolhidos, a experiência foi marcante. “Eu saltei quando soube que meu desenho tinha sido escolhido! Foi a primeira vez que participei de uma pintura assim, e ainda com grafite, que era algo muito distante da minha realidade. Eu quero cursar Artes Visuais, e isso foi uma oportunidade enorme”, conta. “Me senti muito confortável com a equipe, principalmente por ser toda formada por mulheres. A temática do Cerrado me inspirou, e acho que combinou muito com a escola.”
No Colégio Estadual Criança Esperança, a professora Michele Marques dos Santos, que também é coordenadora da área de Linguagens, destacou a importância de projetos como esse em uma escola bilíngue e inclusiva. “Já tivemos experiências com grafite antes, mas essa é ainda mais especial porque as alunas participam de tudo, desde o desenho até a pintura. Isso estimula a criatividade, o senso de pertencimento e ainda deixa a escola mais bonita e acolhedora.”
O projeto também garante acessibilidade para estudantes com deficiência: há intérprete de Libras nas apresentações, acompanhamento para alunas com deficiência durante as oficinas e recursos como audiodescrição e resumo em braile dos murais, acessíveis via QR Code nas escolas.
“É muito bom ver arte com essa qualidade e esse respeito dentro do espaço escolar. Toda escola merecia ter algo assim”, reforça a diretora Kátia.
Meio Ambiente
Semarh e Sindjor promovem oficina de jornalismo climático e cobertura ambiental no Tocantins

Com o tema “Jornalista bem informado, informa melhor!”, a Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Tocantins (Semarh) em parceria com o Sindicato dos Jornalistas (Sindjor) e o Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente (PPGCIAMB) da Universidade Federal do Tocantins (UFT), promovem no dia 05 de junho, às 18h30, no Auditório da Semarh, na Praça dos Girassóis, a Oficina de Jornalismo Climático e Cobertura Ambiental. A iniciativa tem como objetivo capacitar jornalistas, acadêmicos e comunicadores para uma cobertura mais precisa e inspiradora sobre temas ambientais complexos, como mudanças climáticas, o Programa Jurisdicional REDD+, educação ambiental e unidades de conservação, incentivando a promoção de ações positivas para o clima.
A atividade inclui fundamentos teóricos e debates oferecendo aos participantes ferramentas para relatar de maneira ética e eficaz as transformações ambientais e seus impactos sociais e econômicos. Também na oficina serão exemplificados os mecanismos de cadastro e cobertura da Conferência das Partes (COP30) que acontece em Belém – PA em novembro próximo. Ao final, haverá certificação emitida pelo Sinjor em parceria com o Ciamb/UFT, reconhecendo a importância de uma comunicação qualificada e comprometida com a sustentabilidade.
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