Kássio Nunes Marques assume relatoria de habeas corpus de Wanderlei Barbosa no STF

Governador Wanderlei Barbosa abre Temporada de Praia 2025 nesta segunda-feira, 26 - Crédito: Antônio Gonçalves/Governo do Tocantins

O ministro Kássio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), assumiu a relatoria do habeas corpus impetrado pela defesa do governador afastado do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos). A redistribuição do processo, confirmada nesta segunda-feira, 20, ocorre após a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso, que havia negado o pedido de retorno do político ao cargo. Essa mudança traz à tona não apenas as implicações jurídicas do caso, mas também os desdobramentos políticos que podem impactar a governança no Tocantins, especialmente em um momento em que a população busca garantias de transparência e justiça na administração pública.

A mudança reacende as expectativas da defesa, que tenta anular o afastamento determinado em 3 de setembro. Caberá agora a Nunes Marques analisar o agravo regimental — recurso interposto contra a decisão de Barroso, protocolado no último dia 13 de outubro. Este é o terceiro pedido apresentado desde que Wanderlei Barbosa foi afastado do comando do Executivo estadual. A expectativa é que Kássio Nunes utilize sua experiência em casos semelhantes para avaliar a situação com imparcialidade e rigor jurídico, considerando as nuances emocionais e políticas envolvidas.

O objetivo da defesa é levar o caso ao julgamento colegiado da 2ª Turma do STF, composta pelos ministros Kássio Nunes Marques, André Mendonça, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Essa seria a primeira análise do mérito do pedido de habeas corpus pelo colegiado. A análise do colegiado poderá trazer novos elementos à luz, permitindo uma discussão mais ampla sobre a legalidade do afastamento e suas repercussões na sociedade tocantinense, que aguarda ansiosamente por uma decisão que possa restabelecer a normalidade política.

A Importância da Decisão de Kássio NunesO afastamento de Wanderlei Barbosa foi determinado pelo ministro Mauro Campbell Marques, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), no âmbito da Operação Fames-19. A investigação apura o desvio de aproximadamente R$ 73 milhões em recursos públicos destinados à compra de cestas básicas durante a pandemia de Covid-19. Este valor exorbitante levanta questões sobre a eficiência do controle administrativo e a ética na gestão de recursos públicos, especialmente em tempos de crise, quando a sociedade mais necessita de integridade e responsabilidade dos seus representantes.

Na decisão, o ministro destacou a existência de “fortes indícios de continuidade nas práticas criminosas” e apontou a necessidade de evitar interferências do governador nas investigações conduzidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (MPF). Essa afirmação ressalta a importância de manter a independência das instituições e a confiança da população nas ações governamentais, uma vez que qualquer indício de corrupção pode minar a credibilidade das autoridades e das políticas públicas implementadas.

Trajetória processual no STF

A defesa de Wanderlei Barbosa, que nega todas as acusações, tem adotado uma estratégia jurídica de múltiplos recursos para tentar reverter o afastamento. O primeiro habeas corpus foi distribuído ao ministro Edson Fachin, que arquivou o caso sem análise de mérito. O segundo foi negado por Barroso. Em seguida, a defesa interpôs o agravo regimental — recurso que agora será analisado por Kássio Nunes Marques. Essa sequência de recursos evidencia a complexidade do caso e o esforço da defesa em encontrar brechas legais que possam garantir a volta de Barbosa ao cargo.

Em manifestação anterior, o Ministério Público Federal se posicionou contra o retorno do governador. No parecer, a subprocuradora-geral Maria Caetano Cintra Santos argumentou que o afastamento é “medida necessária à preservação da ordem pública e da lisura administrativa”, citando o risco de reincidência e a gravidade das suspeitas. Essa postura do MPF reflete a responsabilidade do órgão em zelar pela moralidade administrativa e a proteção dos recursos públicos, fundamentais para a confiança da população nas instituições.

Próximos capítulos

Com a redistribuição, o ministro Kássio Nunes Marques tem duas possibilidades: negar o agravo regimental, mantendo a decisão de Barroso e o afastamento do governador, ou acatar o recurso e levar o caso à 2ª Turma do STF. Caso isso ocorra, será a primeira vez que o colegiado analisará o mérito do pedido de habeas corpus apresentado pela defesa de Wanderlei Barbosa. A decisão de Nunes Marques poderá definir não apenas o destino do governador, mas também estabelecer precedentes importantes para casos futuros que envolvem a relação entre poder público e justiça.

A decisão de Nunes Marques é aguardada com grande expectativa pelas partes envolvidas e deve definir os próximos rumos do processo que, desde agosto, domina o cenário político do Tocantins. A sociedade observa atentamente, pois a resposta do STF poderá significar um marco na luta contra a corrupção e na defesa da transparência pública, temas que são cruciais para a consolidação da democracia no Brasil.

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