A oitava edição do Encontro Nacional e Internacional de Mulheres na roda de samba acontece neste sábado (22) no Renascença Clube, no Andaraí, zona norte do Rio de Janeiro, reafirmando o papel do movimento como o maior encontro feminino dedicado ao samba no Brasil e no mundo. Este ano, o evento presta homenagem à cantora e compositora Dona Ivone Lara, referência histórica do samba, e à artista Nilze Carvalho, que participa desde a criação do projeto. O encontro ocorre simultaneamente em mais de 30 cidades brasileiras, incluindo São Paulo, e também em outros países, ampliando a representatividade feminina na roda de samba nacional e internacional. Desde sua primeira edição, o movimento já celebrou nomes como Beth Carvalho, Elza Soares, Alcione, Teresa Cristina, Áurea Martins, Leci Brandão e Clementina de Jesus, fortalecendo uma trajetória de resistência cultural, ancestralidade e protagonismo das mulheres negras na roda de samba. Idealizado pela cantora Dorina, o Encontro surgiu em 2018 com a proposta de criar um espaço seguro e colaborativo para mulheres sambistas. A artista explicou em entrevista à Agência Brasil – Cultura que a motivação inicial era unir mulheres que queriam cantar, tocar e participar de uma roda de samba sem barreiras. Segundo ela, o movimento nasceu do desejo de formar uma rede feminina de apoio artístico, espiritual e cultural. Na primeira edição, o evento reuniu mulheres em 11 cidades brasileiras e em espaços da Argentina e do Uruguai. O formato permaneceu descentralizado: cada cidade conta com uma coordenadora responsável pela organização, incluindo cronograma, participação e mobilização de sambistas. Todas as envolvidas aderem a um documento que garante transparência, inclusão e gestão democrática do movimento. A edição deste ano reforça a diversidade presente na roda de samba, reunindo mulheres em situação de violência, artistas trans, PCDs e sambistas de diferentes gerações. Em cidades como Juiz de Fora, por exemplo, a roda de samba tornou-se um espaço de acolhimento social. Em declarações à Agência Brasil – Cultura, Dorina destacou que a roda é um ambiente de cura e fortalecimento: “A mulher cuida do outro, mas precisa se cuidar também. A roda de samba é essa grande rede de proteção.” A troca de experiências e saberes entre gerações é um dos pilares do encontro. Para Dorina, a roda de samba preserva memórias ancestrais transmitidas por mães, avós e tias, mantendo viva uma herança cultural essencial para as mulheres brasileiras. No Renascença Clube, mais de 100 mulheres irão se apresentar ao longo de seis horas de programação. A apresentação principal será conduzida pela cantora e jornalista Bia Aparecida, enquanto a direção musical ficará sob responsabilidade de Ana Paula Cruz e Roberta Nistra. A roda de samba contará ainda com artistas como Ana Costa, Dayse do Banjo, Lu Oliveira, Patrícia Mellodi e Lazir Sinval. Além das atrações individuais, também se apresentam os grupos Herdeiras do Samba, Matriarcas do Samba e Mulheres da Pequena África, reforçando a potência coletiva feminina dentro da roda de samba carioca. O Encontro Nacional e Internacional de Mulheres na roda de samba não é apenas um evento musical, mas também um movimento político e social que amplia a presença feminina no cenário cultural. Segundo organizadoras, grande parte das participantes conquistou espaço no mercado musical após a inserção na roda de samba do encontro, criando oportunidades que antes eram limitadas. O encontro também inspira outras iniciativas culturais, fortalecendo a roda de samba como símbolo de resistência feminina, colaboração e identidade cultural brasileira.Mulheres são destaque no Encontro Nacional da roda de samba
Um movimento que nasceu para fortalecer mulheres na roda de samba
Diversidade, inclusão e rede de proteção feminina na roda de samba
Programação reúne mais de 100 mulheres na roda de samba do Rio de Janeiro
Um movimento político, social e cultural construído na roda de samba
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