Comunicação Transformadora por Munyque Fernandes
A dor da indiferença
A dor da fibromialgia vai além do corpo — é solidão, descaso e exaustão. Um grito silencioso por empatia.
Por Munyque Fernandes.

Normalmente publico meus textos nesta coluna às segundas, porém desta vez quis me antecipar devido a urgência de expor o que vivi. Quando eu achava que a minha dor era maior, me deparei com uma dor gigante. Não se trata de uma competição, mas de empatia e compaixão pelo que o outro sente.
A minha amiga flamenguista, Pollyanna Alves, tem fibromialgia, uma doença que não tem cura, que esmaga os músculos, iradia pelos ossos e provoca uma dor intensa e cruel no corpo. Na mente, fica a sensação horrível de tristeza e ao mesmo tempo solidão, solidão de imaginar que ninguém se preocupa com a dor de quem sofre com esta doença. Uma dor que massacra os dias sem perspectiva de melhora, a dor da falta de implantação na prática de políticas públicas que possam ajudar a amenizar tamanho sofrimento.
Percebi na despedida do trabalho, que ela estava mais triste do que o normal. Com poucos minutos de conversa constatei o quanto é difícil sorrir quando o corpo dói, como ela mesma disse “do fio de cabelo até a ponta do pé”. É difícil você ser feliz sabendo que pelo resto da sua vida este será o seu diagnóstico, sem tratamento, sem cura ou esperança.
O que mais me doeu foi ouvir “não aguento mais existir”, algo tão impactante e sofrido de saber sem ter o que fazer, sem poder ajudar além das palavras de conforto. E eu que imaginava que estava tendo dias ruins desabei a chorar no carro imaginando o que Deus pensava de mim por achar que coisas pequenas valem o meu sofrimento? Enquanto isso, uma pessoa ao lado, que eu gosto e admiro está passando por uma dor real sufocante e solitária, aprisionada no próprio corpo e refém da conscientização sobre esta doença debilitante