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Censo 2022: com operação histórica, IBGE aponta mais de 20 mil indígenas no Tocantins

IBGE divulga primeiros dados do universo indígena no Censo 2022, realizando mudanças metodológicas para melhor capturar o pertencimento étnico.

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Foto ilustrativa referente ao tema abordado
Na sequência de divulgações dos resultados do Censo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra os primeiros dados do universo indígena do país. O local escolhido para a apresentação foi o Theatro da Paz, em Belém, devido a sua importância para a cultura amazônica.
O Censo 2022, em relação ao de 2010, que foi o primeiro a retratar a população indígena, trouxe inovações e mudanças metodológicas na investigação. Houve consulta livre, prévia e esclarecida com esta população para pensar que transformações poderiam ocorrer para melhorias na captura do pertencimento étnico indígena.
Para isso, foi discutida, primeiramente, a cartografia censitária. Identificar todos os agrupamentos e áreas indígenas para serem percorridas. Foram necessárias novas metodologias incorporadas à base territorial do IBGE para realizar as diferentes operações e captar a diversidade presente.
Em relação aos questionários, foi seguido o princípio da autodeclaração, que segue parâmetros internacionais e os que a legislação nacional põe. A pergunta “Você se considera indígena?” foi levada para fora das terras indígenas, mas não abrindo amplamente. Isso levou a uma reflexão em cima da base territorial do órgão. O questionamento foi, de fato, levado a todas as localidades indígenas. Quando a pessoa estava nos locais, mas não se autodeclarava indígena no quesito de cor ou raça, a pergunta aparecia.
As diferenças culturais e étnicas surgiram na coleta do Censo 2010. Por isso, em 2022, o IBGE criou um treinamento diferenciado para todos os que adentraram nas localidades indígenas, como acesso, transição pelos locais e respeito das normas e condutas.
Foi preciso a sensibilização dentro das próprias localidades para as lideranças entenderem a importância do Censo 2022 coletar informações. Por isso, o IBGE direcionou materiais para os locais como folders, banners, cartazes e promoveu entrevistas para diferentes meios de comunicação de indígenas falando da relevância do levantamento, para gerar identificação.
O planejamento para as localidades serem integralmente percorridas foi de grande valia. Além da preparação interna, foi preciso firmar parcerias com outras instituições para a realização da operação, seja com logística ou com apoios materiais. A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), por exemplo, publicou a Portaria nº 510, exclusiva para a cessão de funcionários para o Censo e, também, teve a Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), com importantes informações para a coleta.
O desenho de uma metodologia adaptada para os povos indígenas de recente contato foi outro fator da evolução entre pesquisas. São locais onde os indígenas têm uma maior autonomia dentro do seu próprio grupo. Para isso, nos estados que tinham população nesta condição, foi necessário contar com apoio das Frentes de Proteção Etnoambiental para contato quando eles tinham algum tipo de organização representativa. Indígenas em situação de abrigo também tiveram um olhar adaptado do IBGE para que não ficassem de fora do Censo 2022.
Deslocamento por trilhas, acessos fluviais, acessos aéreos por avião e helicóptero foram feitos, de acordo com a possibilidade para adentrar os territórios. O apoio de guias (guia comunitário, guia-intérprete e guia institucional) foi essencial para percorrer, por vezes, grandes distâncias. Após a chegada, reuniões de abordagem foram feitas para esclarecimento do que seria feito e ganhar a confiança daqueles ali residentes.
Para garantir a segurança de todas as informações da coleta e ter a maior cobertura possível, foi montada a sala de situação com a FUNAI. Nela, dúvidas, questionamentos e acompanhamento em tempo real do levantamento eram analisados. Todas as vezes que uma terra indígena apontasse diminuição de 120% em relação ao Censo 2010, o órgão e as equipes locais eram acionadas para verificar a possível existência de erro de cobertura ou se, realmente, menos pessoas estavam residindo ali.
Isso foi importante para entendimento do que estava acontecendo nas localidades, já que foi possível a criação de indicadores de falhas, mas também proporcionou uma análise geográfica baseado nos sistemas do IBGE, dos pontos de coordenadas dos domicílios.
Pessoa indígena, localidade indígena e terra indígena oficialmente delimitada
Para o IBGE, indígenas são as pessoas que se autodeclaram indígenas ou índias. Essa classificação se aplica aos indígenas que vivem em terras indígenas ou fora delas.
As localidades indígenas que foram definidas para o Censo 2022 são as que compõem o conjunto das Terras indígenas oficialmente delimitadas (aquelas que contam com alguma delimitação formal da FUNAI), dos agrupamentos indígenas (Conjunto de 15 ou mais indivíduos indígenas, em uma ou mais moradias espacialmente contíguas, vinculados por laços familiares ou comunitários) e das demais áreas de conhecida ou potencial ocupação indígena, localizadas em áreas urbanas ou rurais, podendo ser no entorno das terras e dos agrupamentos.
Este trabalho contou com a cartografia censitária colaborativa, com apoio dos indígenas, instituições parceiras e também de imagens orbitais atualizadas. Foi preciso ter cuidado geoespacial pelas singularidades apresentadas nestes territórios. O Mapeia Aldeia apresentou-se como um canal importante nesse processo, já que as lideranças poderiam, nele, enviar mensagens instantâneas com as coordenadas e era feita a incorporação no mapeamento, tornando a operação do Censo 2022 diferenciada e ampliando a possibilidade de declaração étnica dos informantes.
População indígena no Tocantins é de 20 mil pessoas
De acordo com o Censo 2022, o estado contou com exatos 20.023 indígenas vivendo em seu território, o que representa 1,32% da população total. Em números totais, o Tocantins ocupa a 19ª colocação entre Unidades da Federação já, proporcionalmente, o estado sobe para a 9ª posição no ranking. O Brasil tem 0,83% de sua população indígena, ou seja, 1.693.535.
Na análise desses dados, o levantamento mostrou que 18.735 (93,5%) pessoas se consideraram indígenas por cor ou raça e 1.288 (6,5%) se considerou indígena.
Em relação ao local que vivem, 15.213 (75,9%) estão em terras indígenas e 4.810 (24,0%) fora delas. A média no estado é maior que no Brasil, onde 36,7% vivem em territórios do tipo e 63,2% não. Em relação aos outros estados, o Tocantins ficou em 2º lugar, atrás apenas do Mato Grosso, com 77,3%.
125 municípios tocantinenses possuem população indígena
O Censo apontou que grande parte dos municípios tocantinenses possui pelo menos uma pessoa autodeclarada indígena. Seis cidades têm mais de mil indígenas no número total. Confira as dez primeiras posições classificadas da maior para a menor população dentre elas.
1- Tocantínia – 4.086
2- Goiatins – 2.650
3- Tocantinópolis – 2.352
4- Lagoa da Confusão – 2.340
5- Formoso do Araguaia – 1.633
6- Itacajá – 1.195
7- Pium – 983
8- Gurupi – 802
9- Palmas – 645
10- Maurilândia do Tocantins – 483
Em relação à proporção na população total dos municípios, as maiores correspondem a Tocantínia (54,8%), Goiatins (21,3%), Itacajá (17,5%), Maurilândia do Tocantins (15,6%) e Lagoa da Confusão (15,3%).
No Tocantins, 12 municípios tem indígenas vivendo em terras indígenas, enquanto nos 125 apontados com indígenas tem população vivendo fora delas.
Parque do Araguaia é a Terra Indígena com maior população do estado
São onze as áreas comparáveis entre os Censos 2010 e 2022 no Tocantins. Vale ressaltar que os parâmetros de comparabilidade foram aplicados nas Terras Indígenas abaixo.
Foto ilustrativa referente ao tema abordado

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Nas terras Taego Ãwa e Utaria Wyhyna/Iròdu Iràna foram contadas as populações apenas no Censo de 2022. Elas tiveram, respectivamente, 210 e 57 pessoas residentes, sendo uma indígena na primeira e 41 na segunda.
Média de moradores em domicílios com pelo menos um indígena no Tocantins é maior que a nacional
Os domicílios particulares permanentemente ocupados por um morador indígena no Tocantins foi de 5.772, o que representou 24.462 pessoas, ou seja, a média de moradores no estado foi de 4,24 em cada um deles. Essa média foi maior que a do país, apontada como 3,64 pessoas.
Se levarmos em consideração o mesmo tipo de domicílio, só que em terras indígenas, a média de moradores em cada um deles dispara. São 4,99, pois o Censo 2022 apontam 3.198 domicílios nestes locais e 15.971 pessoas residindo neles. No Brasil, são 4,41.
O IBGE mostra, ainda, a média de moradores indígenas em domicílios particulares permanentes ocupados com pelo menos um morador indígena no estado, que foi 3,45. O número de indígenas nestes locais chegou a marca de 19.933.

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Som, rua e resistência: Meninos do Bairro viram arte

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Som, rua e resistência: Meninos do Bairro viram arte

Jovens da Portelinha transformam vivências em música e cinema no projeto Meninos do Bairro, que celebra a força e os sonhos da juventude periférica de Palmas.

Olha os menino do bairro aí! O som e as histórias da periferia de Palmas ganham força e visibilidade com o projeto Meninos do Bairro, que vai transformar em videoclipes as músicas “Meninos do Bairro”, “Rasga Mortalha” e “Ex-Amores”, interpretadas pelos artistas Ekko e Kyojin. A iniciativa tem patrocínio da Lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria Estadual da Cultura e do Ministério da Cultura.

O enredo traz memórias e vivências dos jovens da comunidade Portelinha, território que abriga histórias, sonhos e desafios que inspiraram a criação do projeto. As gravações acontecem em Palmas, especialmente dentro da comunidade. Mais do que videoclipes, Meninos do Bairro é um retrato sensível e potente da juventude periférica, que transforma dor em arte e resistência em ritmo.

As produções audiovisuais exploram temas como amizade, amor, perda, superação e fé — sentimentos que moldam a identidade de quem cresce nas margens, mas busca ocupar o centro com sua arte e sua voz. “A ideia é mostrar o que somos de verdade, sem romantizar, mas também sem esconder a beleza de resistir. O Meninos do Bairro é sobre acreditar mesmo quando o mundo tenta te convencer do contrário”, afirma Ekko, que cresceu na Portelinha e hoje usa a música como instrumento de expressão e transformação.

“A gente veio de um lugar onde o fracasso parece destino, mas quando você começa a sonhar e agir, isso se torna um ato de revolução. Esse projeto é isso: seguir acreditando, continuar rimando, continuar vivendo”, completa Kyojin, parceiro de Ekko. Ele destaca que o projeto busca dar significado às trajetórias da juventude periférica: “Dar significado à nossa própria correria, ao ato de continuar tentando, de prosseguir, já é uma forma de subversão”.

Narrativa e identidade

A proposta estética e narrativa do projeto parte de um conceito nascido dentro da própria comunidade: a naturalidade de ser e fazer. A obra traduz o espírito que ecoa pelas ruas de Palmas — “quem são esses dois?” “são os menino do bairro que cantam”. Um diálogo simples, mas carregado de reconhecimento e força de presença.

Em Meninos do Bairro, o tempo também é personagem. Os artistas dizem que os meninos do bairro são amigos do tempo — porque ele passa de qualquer forma, e eles escolhem passar com ele, deixando marcas, memórias e inspiração.

A produtora executiva do projeto, Bely Bittencourt, destaca o valor simbólico e social da iniciativa: “Essas produções representam um ato de resistência e de afirmação da identidade periférica. São jovens que constroem narrativas sobre si mesmos, sobre suas vivências, afetos e dores. O projeto é um espelho e, ao mesmo tempo, um farol para muitos outros jovens que sonham em se ver e ser vistos.”

O álbum e seus clipes expressam a jornada de dois artistas que cresceram rimando nas esquinas e hoje transformam suas experiências em arte — mostrando que da Portelinha também nasce poesia, ritmo e potência. No fim das contas, ser um menino do bairro é seguir acreditando, mesmo quando o futuro é incerto. É fazer parte de uma geração que se recusa a parar, porque entende que o simples ato de continuar já é um gesto de vitória.

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Sarau Cultural celebra arte tocantinense no Pátio de Chile

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Sarau Cultural reúne artistas tocantinenses no Pátio de Chile nesta sexta (24)

Sarau Cultural reúne nesta sexta (24), no Pátio de Chile, artistas tocantinenses em uma noite de música, poesia e artes visuais com entrada gratuita.

O Pátio de Chile, em Palmas, será palco de uma grande celebração à arte tocantinense nesta sexta-feira, 24 de outubro, às 20h, com o Sarau Cultural — evento gratuito que reúne nomes expressivos da literatura, música e artes visuais do Estado.

Entre os convidados estão Nacha Moretto, cantora e ex-vocalista do grupo Raíces de América; Denyzia Brito, poeta e idealizadora do Sarau Flutuante da Deusa; Cláudio Macagi, poeta, músico e produtor audiovisual; e Orion Milhomem, escritor e membro da Academia Palmense de Letras. O artista visual Elpídio de Paula, natural de Araguaína e radicado em Palmas, também participa com obras que transitam entre o grafite, o artesanato e as artes sacras.

Durante o evento, o público poderá conferir o lançamento do livro “Não Toco Cover”, do músico e escritor Felipe Kuroda, que apresenta uma narrativa sensível sobre o universo da música autoral tocantinense e os caminhos criativos que nascem do improviso.

Mais do que uma programação artística, o Sarau Cultural propõe um encontro aberto, em que o público é convidado a participar, compartilhar sua arte e sentir o pulsar da cultura viva do Tocantins.

📍 Pátio de Chile – Palmas (TO)
🗓️ Sexta-feira, 24 de outubro, às 20h
🎟️ Entrada gratuita

O evento é realizado com recursos da Política Nacional Aldir Blanc – PNAB, do Ministério da Cultura e do Governo Federal, operacionalizado pela Secretaria de Cultura do Estado do Tocantins.

Sarau Cultural reúne artistas tocantinenses no Pátio de Chile em Palmas
Sarau Cultural celebra a diversidade artística do Tocantins em uma noite de música, poesia e artes visuais.

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Concerto ROCK.BR mistura coral e rock em Palmas

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Concerto ROCK.BR

Concerto ROCK.BR mistura coral e rock em Palmas nos dias 31/10 e 01/11, com entrada gratuita e regência da maestrina Renate Stephanes.

O Coral Municipal de Palmas sobe ao palco do Centro de Convenções Arnoud Rodrigues para apresentar o espetáculo Concerto ROCK.BR, nos dias 31 de outubro e 1º de novembro de 2025. O evento integra a agenda cultural da Fundação Cultural de Palmas (FCP) e promete uma fusão única entre o canto coral e os clássicos do rock brasileiro.

Sob a regência da maestrina Renate Stephanes, o concerto contará com a participação especial do Coral Juvenil de Palmas e do grupo Vocifer, em um espetáculo que celebra a diversidade sonora e a força da música nacional. O repertório promete emocionar o público ao revisitar grandes sucessos do rock em arranjos vocais inéditos.

Com entrada gratuita e classificação livre, o Concerto ROCK.BR oferece uma experiência artística envolvente, aproximando gerações e estilos em uma mesma harmonia. A proposta do espetáculo é reafirmar o poder da música como expressão cultural, unindo técnica, emoção e repertório popular em um mesmo palco.

Serviço

  • Evento: Concerto ROCK.BR
  • Apresentação: Coral Municipal de Palmas
  • Regência: Maestrina Renate Stephanes
  • Participações especiais: Coral Juvenil de Palmas e Vocifer
  • Datas: 31/10/2025 (às 20h) e 01/11/2025 (às 19h)
  • Local: Centro de Convenções Arnoud Rodrigues, Palmas – TO
  • Classificação: Livre
  • Entrada: Gratuita

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