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Educação

Diversidade cultural no processo de ensino e aprendizagem é foco de formação continuada para professores de aldeias Krahô

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Foto ilustrativa referente ao tema abordado

Para garantir uma educação escolar indígena de qualidade aos povos indígenas, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394/96) assegura aos povos indígenas o direito à educação diferenciada, específica e bilíngue. Nessa perspectiva, cerca de 200 professores indígenas e não indígenas receberam capacitação, ao longo da última semana, em atividade ofertada pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc) e Cetro Representações. As atividades aconteceram na cidade de Araguaína e foi ofertada por profissionais da educação que atuam nas aldeias indígenas das regiões de Goiatins e Itacajá.

A formação continuada para professores indígenas e não indígenas, atuantes nas escolas estaduais indígenas do povo krahô, foi amparada na perspectiva específica, diferenciada, intercultural e bilíngüe. Foram cerca de 50 horas, durante cinco dias, baseadas nos quatro pilares básicos da educação indígena, sendo eles a interculturalidade, o bilingüismo ou multilingüismo, a especificidade, a diferenciação e a participação comunitária, que consideram a diversidade cultural no processo de ensino e aprendizagem.

Ministrante de parte das oficinas, o professor Hélio Simplicio Rodrigues Monteiro afirmou que os povos indígenas são povos originários que possuem seus próprios processos de educação, com línguas, culturas e organização social muito próprios também e diferentes da sociedade não indígena. “A Educação Escolar Indígena precisa estar atenta a essas características diferenciadas das culturas indígenas e estar aberta ao que é diverso, diferente. A formação continuada é importante porque buscou estabelecer essas pontes de diálogo entre o conhecimento acadêmico e o conhecimento que advém do povo Krahô”, considerou o professor.

Ele ainda destacou que, entre os formadores, dois eram indígenas, um Xerente é um Krahô Kanela. “Os formadores não indígenas têm uma trajetória longa de trabalho e pesquisa com esses povos, que é o meu caso por exemplo. Isso já demonstra a preocupação de uma formação que esteja em sintonia com os anseios desses povos, destacando a valorização das cosmologias indígenas mas sem perder de vista a aquisição dos conhecimentos não indígenas, também necessários devido à situação de contato desses povos com a sociedade envolvente”, ressaltou.

Aluno na formação continuada e indígena da Aldeia Manoel Alves, o professor Renato Iahe avaliou a capacitação como sendo de excelência, pois teve o intuito de promover a inclusão cultural e pedagógica. “A formação continuada tem sido um marco significativo na capacitação de professores que atuam junto às populações indígenas, pois transcende o mero ensino de conteúdos curriculares e representa o respeito e a valorização das tradições, línguas e saberes ancestrais das comunidades nativas”, relatou o professor.

A coordenadora de projetos da Cetro Representações, Villany Teixeira, relatou que a falta de recursos e a escassez de formação adequada para os professores têm sido obstáculos frequentes no processo educacional dessas populações e, diante desse cenário, o Programa de Formação Continuada surge como uma resposta concreta para suprir essa lacuna. “Um dos principais focos do programa é a valorização da cultura e língua indígena. Os professores participantes têm a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre a história, os costumes e as tradições das comunidades em que atuam. Além disso, são incentivados a incorporar métodos pedagógicos que respeitem e fortaleçam a identidade cultural dos alunos indígenas”, descreveu.

Presidente da Cetro Representações, Ramalho Alves complementa que, para as próximas edições, a expectativa é expandir ainda mais o alcance do programa, alcançando um número maior de professores e comunidades indígenas. “A educação escolar indígena é mais do que uma simples questão educacional; é um direito fundamental das populações originárias e um elemento essencial para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Nossas formações estão desempenhando um papel crucial nesse processo de transformação”, afirmou.

Programação

Por meio de palestras, dinâmicas, atividades práticas e apresentações culturais, a capacitação envolveu temas como Fundamentos da educação escolar indígena; Documentos curriculares para a educação escolar indígena no Brasil; Articulação entre RCNEI, DCT, Interculturalidade e competências gerais da BNCC; Educação bilíngue e intercultural; Elementos do planejamento docente dinâmico, participativo e inclusivo considerando a realidade local; A importância do planejamento no processo de ensino e aprendizagem; Estrutura e organização dos planos de aulas; Estratégias para potencializar a qualidade do ensino nas turmas multiseriadas, Ensino Fundamental anos finais; dentre outros.

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