Tocantins
Gaeco do MPTO prende ex-governador Mauro Carlesse por suspeita de plano de fuga internacional
Na manhã deste domingo, 15 de dezembro, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Tocantins (MPTO) realizou a prisão preventiva do ex-governador Mauro Carlesse, em uma operação que também incluiu mandados de busca e apreensão expedidos pela 3ª Vara Criminal de Palmas. A ação foi conduzida com apoio da Polícia Militar e do Centro de Operações Aéreas (Ciopaer).
A prisão ocorreu na Fazenda Joia Rara, propriedade de Carlesse, localizada no município de São Salvador, próximo a Peixe, na região sul do Tocantins. Segundo o MPTO, as investigações apontaram indícios de que o ex-governador estaria arquitetando um plano de fuga internacional, o que levou à decisão judicial de detê-lo preventivamente para evitar risco à ordem pública e à aplicação da lei penal.
Além de Carlesse, outro mandado foi cumprido contra o ex-secretário de Administração, Claudinei Quaresemin, que também é investigado por seu papel em um suposto esquema de corrupção envolvendo contratos públicos durante a gestão de Carlesse.
Esquema de corrupção e novas descobertas
As investigações revelam que os dois são suspeitos de integrarem uma organização criminosa que teria desviado recursos públicos em contratos de prestação de serviços e licitações fraudulentas. Relatórios do MPTO apontam que as irregularidades teriam gerado prejuízos milionários aos cofres estaduais, especialmente em áreas como saúde e infraestrutura.
A operação, denominada Escape Zero, identificou movimentações financeiras atípicas e comunicações interceptadas que sugerem que Carlesse planejava fugir para um país da América Central, utilizando rotas clandestinas e documentos falsificados. O plano, segundo fontes do MPTO, teria sido articulado após novas evidências contra ele virem à tona no âmbito da Operação Éris, realizada em 2021, que resultou em seu afastamento do cargo de governador.
Apreensões e próximos passos
Durante o cumprimento dos mandados de busca, as autoridades apreenderam documentos, dispositivos eletrônicos, passaportes e quantias em dinheiro que serão analisados para aprofundar as investigações. Veículos de luxo e uma aeronave também foram bloqueados por determinação judicial.
Os presos foram levados para a sede do Gaeco em Palmas e, após prestarem depoimentos, deverão ser transferidos para unidades prisionais de segurança máxima. A defesa de Mauro Carlesse e Claudinei Quaresemin ainda não se manifestou oficialmente, mas advogados dos investigados têm alegado perseguição política.
Histórico de denúncias
Mauro Carlesse já é alvo de outras investigações por improbidade administrativa e enriquecimento ilícito durante sua gestão, entre 2018 e 2021. Em novembro de 2021, ele foi afastado do cargo por 180 dias pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob acusações de obstrução de investigações da Polícia Federal e recebimento de propina em contratos de saúde.
O MPTO reforçou que a operação atual visa garantir que os responsáveis por lesar os cofres públicos e comprometer o desenvolvimento do estado sejam responsabilizados. “A prisão preventiva é uma medida necessária diante do risco concreto de fuga e da gravidade das acusações”, afirmou um promotor ligado ao caso.
Impacto político e reação pública
A prisão de Carlesse marca mais um capítulo turbulento na política tocantinense. Líderes de oposição e movimentos sociais pediram maior rigor nas investigações para desmantelar o que consideram uma rede de corrupção enraizada no estado. Nas redes sociais, a prisão gerou ampla repercussão, com manifestações de apoio e indignação por parte da população.
Analistas políticos destacam que o episódio reforça a necessidade de maior transparência e controle sobre os gastos públicos no Tocantins. Enquanto isso, o Gaeco mantém outras frentes de investigação que podem implicar mais figuras públicas em desdobramentos futuros.