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Causas além da higiene íntima: o que pode estar por trás das infecções recorrentes? A higiene íntima inadequada costuma levar a culpa, mas, na maioria dos casos, o problema vai muito além disso. Aqui estão as causas mais comuns que um urologista precisa investigar: Alterações da flora vaginal O uso excessivo de sabonetes íntimos, duchas vaginais, antibióticos e até anticoncepcionais pode desequilibrar a microbiota natural da vagina, facilitando a entrada de bactérias no trato urinário. Menopausa e queda de estrogênio A baixa hormonal causa afinamento e ressecamento da mucosa uretral e vaginal, deixando a região mais vulnerável a infecções. Muitas mulheres começam a ter infecções urinárias de repetição justamente após os 45-50 anos. Atividade sexual A relação sexual pode empurrar bactérias da região anal ou vaginal para a uretra. O risco aumenta se houver lubrificação inadequada, uso de espermicidas ou histórico de baixa imunidade. Anatomia favorável Ala uretra feminina é mais curta alem disso algumas mulheres tem a bexiga com esvaziamento incompleto ou alterações congênitas que favorecem a permanência de bactérias na região. Problemas intestinais e constipação O intestino preso aumenta a proliferação de bactérias e eleva o risco de contaminação urinária, especialmente se houver distensão intestinal crônica. Uso crônico de antibióticos sem cultura Cada novo episódio tratado de forma genérica pode estar criando resistência bacteriana, tornando os quadros mais difíceis de curar e mais propensos a reaparecer. O impacto das infecções recorrentes na saúde e na vida da mulher Não é só incômodo: as infecções repetidas causam danos físicos e emocionais reais. Entre os principais impactos estão: - Cansaço físico e mental
- Falta de libido e insegurança nas relações
- Queda na imunidade e risco de infecção renal (pielonefrite)
- Uso frequente de antibióticos, que alteram o intestino e a flora vaginal
- Medo constante de sentir dor ou ter uma nova crise
“Muitas pacientes se sentem culpadas ou começam a se privar de viver com liberdade: evitam viagens, relações sexuais, até saídas mais longas. Isso vai minando a autoestima e a saúde mental, quando na verdade o problema tem solução e nem sempre é medicamentosa,” reforça o Dr. Alexandre Sallum. Como o urologista pode resolver o problema? O tratamento começa com uma escuta atenta e uma investigação precisa. O urologista irá avaliar hábitos de vida, histórico ginecológico, função intestinal, uso de medicamentos e, claro, os exames adequados, como: – Urocultura com antibiograma – Ultrassom do trato urinário – Estudo urodinâmico (se houver suspeita de alteração funcional da bexiga) – Avaliação hormonal (em mulheres no climatério) – Cistoscopia (em casos complexos ou suspeita de alteração anatômica) Tratamentos possíveis: – Ajuste na flora vaginal e urinária com probióticos; – Reposição hormonal local (estrogênio intravaginal); – Terapia antibiótica preventiva ou pós-relação sexual – Reposição de mucosa com ácido hialurônico vaginal ou laser íntimo; – Melhora do hábito intestinal com suplementação e ajustes alimentares; – Imunoterapia oral com vacinas específicas contra E. coli (tratamentos inovadores e preventivos). Se o problema volta, ele nunca foi resolvido. “Infecção urinária recorrente não é “azar”, nem “frescura”, nem algo que a mulher deva aprender a conviver. É um sinal claro de que algo está desequilibrado e isso merece atenção, diagnóstico correto e tratamento definitivo.”. finaliza o Dr. Alexandre Sallum Bull. Dr. Alexandre Sallum Bull CRM 129592 Médico Urologista Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) |