O mundo da moda ainda era apenas uma curiosidade quando Isabelle Bittencourt, com somente 16 anos, vivenciou a trágica morte de sua mãe, a modelo Caroline Bittencourt. Foi um período de muita dor, revolta e indecisões, que se transformaram em inspiração para seguir adiante e honrar o legado deixado precocemente por ela.
Hoje, com quase 300 mil seguidores nas redes sociais, Isabelle se dedica a imprimir sua própria marca, falando sobre moda, dividindo sua história, desmistificando a morte e inspirando jovens a superarem os desafios e a nunca desistirem. “Até hoje muitos me perguntam como lidei com essa dor. A verdade é que aprendi a conviver com ela. Foi muito difícil a pressão sob a qual eu era submetida para seguir os passos da minha mãe. Na época isso me deixou bem reclusa. Agora, percebo que, dentre tantos presentes que me deixou, ela me ajudou a trilhar um caminho para que eu pudesse dar os meus próprios passos quando estivesse pronta”, ressalta.
Para se distanciar da realidade da mãe, Isabelle chegou a cursar Relações Internacionais na faculdade, mas desistiu quando percebeu que esse não era o seu sonho. “A moda sempre esteve presente na minha vida. Negá-la só estava me machucando. Quando me permiti aceitar essa escolha sem culpa e peso, percebi que poderia traçar minha própria trajetória, ainda que paralelamente ao trabalho realizado pela minha mãe”, lembra.

E foi assim que ela se dedicou ao seu primeiro projeto, a marca de roupa “Bitten”, que tinha como foco uma moda casual chic, valorizando os diferentes tipos de corpos. “Fiz todo o processo necessário para viabilizar a ideia, incluindo o protótipo das peças e até a aprovação da logotipia, inspirada numa borboleta, símbolo de um anel que minha mãe tinha e gostava muito. Mas percebi que precisava me aprofundar em conhecimentos técnicos para não ficar refém de ninguém. Então fiz uma pequena pausa para estudar e atuar de forma mais assertiva nesse mercado”, explica.
Isabelle afirma que, no início, foi desafiador, pois precisava fazer com que as pessoas abandonassem as comparações. “Muitos esperavam que eu fosse como ela. Mas eu queria poder usar a minha própria personalidade para me destacar explorando novos formatos de comunicação”, explica. Obviamente o legado da minha mãe me permitiu alcançar com mais facilidade as pessoas certas para me ajudar. Tive muito acesso devido ao trabalho que ela realizava e não posso e nem quero negar isso. Mas conseguir ser eu mesma e conquistar o meu próprio espaço é o que me move e me motiva”, afirma.

Atualmente, em seu apartamento na Vila Olímpia, em São Paulo, Isabelle é modelo e influencia milhares de jovens nas redes sociais, bem como participa de campanhas publicitárias para diferentes marcas como Laboissiere, Corello, Arezzo, Dafiti. Além disso, é líder de um grupo fechado de mais de mil jovens mulheres que compartilham histórias e trocam conselhos sobre diferentes áreas da vida. “Ali é um espaço para falarmos sobre moda, relacionamentos, política, dores e alegrias. Tudo isso contribui para o meu desenvolvimento e me faz entender a responsabilidade do meu papel como influenciadora. Toda essa troca reflete nos meus desejos e projetos profissionais, sempre consciente e acessível”, diz.
Para tanto, a modelo tem se dedicado a mostrar como garimpar peças únicas em brechós, mesclar tendências e não se tornar refém de um único estilo. “Utilizar o fast fashion/ high and low a seu favor, unindo alta costura às peças do dia a dia é uma forma de se destacar e mostrar como esse mercado pode ser menos rigoroso e mais sustentável. O meu jeito desconstruído de se vestir se tornou uma referência para minhas seguidoras e fez com que eu quisesse voltar a me dedicar a esse universo”, comenta.

De volta ao mundo da moda Isabelle embarca no próximo dia 23/01 para Milão, com o objetivo de prestigiar os principais desfiles da temporada outono/inverno 2023, verificando tendências e representando o Brasil, levando looks de marcas nacionais para os lugares mais bonitos da cidade italiana.