Governo do Brasil
Lula demite presidente do INSS após operação revelar fraude bilionária em benefícios de aposentados

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou nesta quarta-feira (23) a demissão de Alessandro Stefanutto da presidência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), após este ser alvo da operação “Sem Desconto”, conduzida pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU). A ação investiga um esquema de descontos indevidos em aposentadorias e pensões, que teria movimentado R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
Desde então, novos desdobramentos aprofundaram a gravidade do caso. Nesta quinta-feira (24), a Polícia Federal confirmou que Stefanutto foi citado nominalmente em diversos documentos apreendidos, que indicam o possível favorecimento de entidades específicas com facilitação de cadastros e liberação de convênios. Os materiais agora passam por perícia técnica.
A operação cumpriu 211 mandados de busca e apreensão, seis mandados de prisão temporária e ordens de sequestro de bens no valor de mais de R$ 1 bilhão, em 13 estados e no Distrito Federal. Além de Stefanutto, outros cinco servidores do alto escalão do INSS foram afastados por determinação judicial.
Segundo a investigação, sindicatos e associações realizavam descontos em benefícios previdenciários sem autorização dos segurados. Em auditoria da CGU, constatou-se que, em uma amostra de 1.300 aposentados, 90% não reconheciam ter autorizado tais cobranças. As entidades envolvidas estão sendo analisadas quanto ao seu vínculo com lideranças políticas locais.
O ministro da Previdência, Carlos Lupi, que havia indicado Stefanutto ao cargo, declarou nesta quinta-feira que colaborará com as investigações e que fará uma revisão nos critérios de escolha para cargos de liderança em órgãos vinculados à pasta.
O Palácio do Planalto, por sua vez, informou que um novo nome será anunciado nos próximos dias para assumir a presidência do INSS, com o compromisso de reestruturar os convênios e restaurar a credibilidade da instituição junto aos aposentados e pensionistas.
A operação “Sem Desconto” continua em andamento, e os investigados poderão responder por crimes como corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documentos, organização criminosa e lavagem de dinheiro.