Cinema
Novo filme de João Salaviza e Renée Nader Messora, ‘A Flor do Buriti’, fará estreia mundial na Seleção Oficial do Festival de Cannes – Un Certain Regard
A aguardada estreia mundial do novo filme de João Salaviza e Renée Nader Messora, intitulado A FLOR DO BURITI, foi anunciada para o prestigioso Festival de Cannes. O longa-metragem será exibido como parte da Seleção Oficial, na sessão Un Certain Regard, que reconheceu e premiou a dupla em 2018 com o filme CHUVA É CANTORIA NA ALDEIA DOS MORTOS.
Em A FLOR DO BURITI, os renomados diretores retomam sua parceria com o povo indígena Krahô, localizado no norte do Tocantins, trazendo à tona uma das questões mais urgentes da atualidade: a luta pela terra e as diferentes formas de resistência adotadas pela comunidade da aldeia Pedra Branca.
O filme explora a relação dos Krahô com a terra ao longo dos últimos 80 anos, destacando um massacre ocorrido em 1940, no qual dezenas de pessoas perderam suas vidas. O ato de violência, perpetrado por dois fazendeiros da região, continua ecoando na memória das novas gerações indígenas.
A abordagem sensível e respeitosa da equipe de produção foi fundamental ao retratar esse massacre histórico. Conscientes da importância de contar essa história, os diretores optaram por não produzir imagens que perpetuassem a violência. Em vez disso, eles buscaram construir a sequência a partir da memória compartilhada, dos relatos e das lembranças que ainda ecoam no imaginário coletivo do povo Krahô.
Durante quinze meses, A FLOR DO BURITI foi filmado em quatro aldeias diferentes, dentro da Terra Indígena Kraholândia. Assim como em CHUVA É CANTORIA NA ALDEIA DOS MORTOS, a equipe de produção era composta tanto por membros indígenas quanto por não indígenas. A narrativa do filme foi construída a partir de relatos históricos baseados em conversas com a comunidade e da realidade atual vivenciada pelos Krahô.
Os desafios enfrentados pelos Krahô nos dias de hoje, como as ameaças à Terra Indígena, o roubo de animais silvestres, a extração ilegal de madeira e a reativação de uma barragem ilegal, também são absorvidos pelo filme. A narrativa entrelaça passado e presente, formando um corpo único que reflete a resistência contínua do povo Krahô.
A seleção de A FLOR DO BURITI para o Festival de Cannes evidencia o interesse global pelas questões dos povos originários no Brasil. Os diretores destacam a importância não apenas do conhecimento ancestral dos povos indígenas, mas também das sofisticadas tecnologias de defesa da terra que eles desenvolveram. O filme representa uma oportunidade para formar novas alianças e reativar a capacidade de sedução cultural do festival para apoiar causas indígenas no futuro.
Sonia Guajajara, uma figura admirada por mulheres de todas as aldeias, desempenha um papel no filme e é vista como uma referência. Sua trajetória como ativista e, atualmente, como Ministra reflete a rica e vibrante realidade que ocorre em cada aldeia. As comunidades indígenas estão se organizando e fortalecendo sua resistência de maneiras notáveis, formando um movimento que não pode ser detido. A presença cada vez mais forte dos povos indígenas ocupando lugares de poder é uma das melhores notícias que o Brasil poderia receber após os desafios enfrentados nos últimos anos.
A FLOR DO BURITI é produzido por Ricardo Alves Jr. e Julia Alves, por meio da produtora Entre Filmes, sediada em Minas Gerais, e será distribuído no Brasil pela Embaúba Filmes.
O filme, que tem duração de 124 minutos, traz no elenco Ilda Patpro Krahô e Francisco Hyjnõ Krahô, além de contar com a direção de fotografia de Renée Nader Messora, o desenho de produção de Ángeles Frinchaboy e Ilda Patpro Krahô, o som direto de Diogo Goltara, o desenho de som de Pablo Lamar, e a montagem de Edgar Feldman.
A FLOR DO BURITI é uma obra de ficção que aborda a história dos Krahô e sua contínua resistência diante das ameaças e violências sofridas ao longo dos anos. O filme é uma representação das formas vibrantes de resistência presentes não apenas nos Krahô, mas em todos os povos indígenas da América do Sul, desde a invasão colonial. A estreia mundial no Festival de Cannes – Un Certain Regard promete trazer ainda mais visibilidade para a causa indígena e a importância de preservar e respeitar seus direitos e territórios.