Olha os menino do bairro aí! O som e as histórias da periferia de Palmas ganham força e visibilidade com o projeto Meninos do Bairro, que vai transformar em videoclipes as músicas “Meninos do Bairro”, “Rasga Mortalha” e “Ex-Amores”, interpretadas pelos artistas Ekko e Kyojin. A iniciativa tem patrocínio da Lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria Estadual da Cultura e do Ministério da Cultura.
O enredo traz memórias e vivências dos jovens da comunidade Portelinha, território que abriga histórias, sonhos e desafios que inspiraram a criação do projeto. As gravações acontecem em Palmas, especialmente dentro da comunidade. Mais do que videoclipes, Meninos do Bairro é um retrato sensível e potente da juventude periférica, que transforma dor em arte e resistência em ritmo.
As produções audiovisuais exploram temas como amizade, amor, perda, superação e fé — sentimentos que moldam a identidade de quem cresce nas margens, mas busca ocupar o centro com sua arte e sua voz. “A ideia é mostrar o que somos de verdade, sem romantizar, mas também sem esconder a beleza de resistir. O Meninos do Bairro é sobre acreditar mesmo quando o mundo tenta te convencer do contrário”, afirma Ekko, que cresceu na Portelinha e hoje usa a música como instrumento de expressão e transformação.
“A gente veio de um lugar onde o fracasso parece destino, mas quando você começa a sonhar e agir, isso se torna um ato de revolução. Esse projeto é isso: seguir acreditando, continuar rimando, continuar vivendo”, completa Kyojin, parceiro de Ekko. Ele destaca que o projeto busca dar significado às trajetórias da juventude periférica: “Dar significado à nossa própria correria, ao ato de continuar tentando, de prosseguir, já é uma forma de subversão”.
Narrativa e identidade
A proposta estética e narrativa do projeto parte de um conceito nascido dentro da própria comunidade: a naturalidade de ser e fazer. A obra traduz o espírito que ecoa pelas ruas de Palmas — “quem são esses dois?” “são os menino do bairro que cantam”. Um diálogo simples, mas carregado de reconhecimento e força de presença.
Em Meninos do Bairro, o tempo também é personagem. Os artistas dizem que os meninos do bairro são amigos do tempo — porque ele passa de qualquer forma, e eles escolhem passar com ele, deixando marcas, memórias e inspiração.
A produtora executiva do projeto, Bely Bittencourt, destaca o valor simbólico e social da iniciativa: “Essas produções representam um ato de resistência e de afirmação da identidade periférica. São jovens que constroem narrativas sobre si mesmos, sobre suas vivências, afetos e dores. O projeto é um espelho e, ao mesmo tempo, um farol para muitos outros jovens que sonham em se ver e ser vistos.”
O álbum e seus clipes expressam a jornada de dois artistas que cresceram rimando nas esquinas e hoje transformam suas experiências em arte — mostrando que da Portelinha também nasce poesia, ritmo e potência. No fim das contas, ser um menino do bairro é seguir acreditando, mesmo quando o futuro é incerto. É fazer parte de uma geração que se recusa a parar, porque entende que o simples ato de continuar já é um gesto de vitória.