Moda e Estilo
Reptilia abala estruturas com “Tectônica” e mostra que beleza não tem prazo de validade

Quando a Reptilia entrou na passarela da SPFW N59, ninguém esperava terremoto. Mas foi o que se sentiu. A coleção “Tectônica”, apresentada no dia 9 de abril de 2025 no JK Iguatemi, em São Paulo, provocou um verdadeiro abalo — estético, emocional e político. A terra tremeu. E tremeu bonito.
Fotos: @agfotosite
Sob a direção criativa da curitibana Heloisa Strobel, a Reptilia mais uma vez fez o que sabe fazer melhor: criar beleza com consciência, silhueta com propósito, design com respeito à origem. E foi exatamente isso que se viu na passarela: peças artesanais, estruturadas como placas geológicas em movimento, com texturas e recortes que lembravam a pele da terra.
Mas o maior impacto da noite veio do casting. Em um setor que ainda insiste em juventude como sinônimo de relevância, a Reptilia foi na contramão — como toda boa revolução faz. Modelos como Marina Dias, Rosa Saito e Neon Cunha, todas com mais de 40 anos, cruzaram a passarela com a elegância de quem já viu o mundo mudar e continua mudando com ele. Foram mulheres reais, potentes, vestindo roupas que celebram não só o corpo, mas o tempo vivido dentro dele.
Na primeira fila, um nome chamou atenção: Janja, a primeira-dama do Brasil. Ela não desfilou, mas fez sua declaração de estilo e posicionamento ao vestir um look da própria marca — jeans e camiseta branca com a frase “a vida presta”, em referência à atriz Fernanda Torres. Um recado sutil, mas firme: prestam sim, a vida, as mulheres maduras, a moda que respeita e reinventa.
Com tecidos naturais, formas orgânicas e uma paleta de tons minerais, a coleção também reafirmou o compromisso da Reptilia com a sustentabilidade e o design ético. Nada é superficial quando se trata dessa marca. Tudo tem profundidade tectônica.
A Reptilia não faz moda para o agora. Faz moda para durar. Para movimentar. Para transformar.
🖋️ Por Jaciara Barros – onde a terra treme, mas a elegância permanece firme
Fotos: @agfotosite