Tarifa de 50% dos EUA ameaça agro e exportações do Brasil

colheita da soja

Medida proposta por Donald Trump acende alerta em estados exportadores e pode afetar o Tocantins indiretamente

A tarifa de 50% dos EUA, proposta pelo ex-presidente Donald Trump, pode causar um forte abalo na balança comercial brasileira. Caso seja implementada, a medida atingirá em cheio setores estratégicos como o agronegócio, a indústria e a aviação, com impacto direto em estados líderes nas exportações, como São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. O Tocantins, embora com menor participação no comércio direto com os EUA, também pode sentir os efeitos da desaceleração na cadeia agroindustrial nacional.

Brasil exportou US$ 35 bilhões aos EUA em 2024

Com os Estados Unidos figurando como o segundo principal parceiro comercial do Brasil, o volume exportado em 2024 ultrapassou US$ 35 bilhões. Os principais estados exportadores para o país norte-americano são:

  • São Paulo – Aviões, peças industriais, automóveis e suco de laranja
  • Minas Gerais – Café, minério de ferro, pedras preciosas
  • Paraná – Açúcar, etanol, carnes e maquinário
  • Rio Grande do Sul – Fumo, calçados e grãos
  • Santa Catarina – Carnes processadas, móveis e tecidos

Produtos brasileiros na mira da tarifa de 50% dos EUA

A medida atinge diretamente produtos que compõem a base da pauta exportadora brasileira, como:

  • Carne bovina
  • Suco de laranja
  • Café
  • Aviões regionais da Embraer
  • Cobre, aço e alumínio

O aumento da tarifa pode elevar os preços nos Estados Unidos, mas, sobretudo, prejudicar a competitividade dos produtos brasileiros, levando à perda de espaço em mercados internacionais.

Impactos no Tocantins: efeito indireto, mas preocupante

Embora o Tocantins não esteja entre os maiores exportadores para os EUA, a tarifa de 50% dos EUA pode provocar reflexos indiretos significativos. A economia do estado depende fortemente do agronegócio, com destaque para:

  • Soja – Cerca de 89% da pauta de exportação
  • Carne bovina – Aproximadamente 10%
  • Milho e arroz – Volumes menores, porém estratégicos

Além disso, insumos agrícolas, peças industriais e fertilizantes — parte deles originários dos EUA ou impactados por tarifas em cadeias integradas — podem se tornar mais caros para o produtor tocantinense.

Entre as possíveis consequências estão:

  • Redução da demanda internacional por carne bovina
  • Pressão sobre os preços pagos aos produtores locais
  • Aumento no custo de produção agrícola
  • Dificuldade de acesso a novos mercados no curto e médio prazo

Importações brasileiras dos EUA somaram US$ 40 bilhões em 2024

Do outro lado da balança, o Brasil importou cerca de US$ 40 bilhões dos Estados Unidos. Os principais estados importadores foram:

  • São Paulo – 17,4% do total, com destaque para combustíveis, fármacos e tecnologia
  • Rio de Janeiro – Petróleo refinado e produtos químicos
  • Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia – Insumos industriais, gás natural e fertilizantes

O aumento dos custos desses produtos pode impactar negativamente setores industriais e agrícolas, com repercussões em cadeia para estados como o Tocantins.

Governo brasileiro reage à proposta de Trump

O governo Lula já manifestou repúdio à proposta e estuda recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC). Retaliações comerciais também estão sendo analisadas, embora não esteja claro se produtos com presença no Tocantins serão incluídos.

Mesmo sendo, por enquanto, apenas uma promessa de campanha, a tarifa de 50% dos EUA já gera incertezas e movimenta os bastidores do comércio exterior brasileiro. A orientação de especialistas é que estados e produtores se preparem, buscando diversificar mercados e fortalecer cadeias produtivas regionais.

Cautela e planejamento são essenciais

A medida proposta por Trump acende um sinal de alerta. Enquanto os grandes polos exportadores enfrentam perdas diretas, estados como o Tocantins precisam se preparar para os efeitos indiretos. A diversificação de mercados, o estímulo à produção local e o fortalecimento da indústria regional serão fundamentais para minimizar os impactos da tarifa de 50% dos EUA.

Por Jaciara Barros
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