Opinião e Editorial
Crise nos Correios: cancelamentos de voos cargueiros e paralisações ameaçam logística nacional
Falta de pagamento nos Correios provoca cancelamento de voos cargueiros e paralisação de transportadoras. Logística nacional entra em colapso.

O que começou como um ruído na logística interna dos Correios agora se confirma como uma crise sistêmica. A falta de pagamento a fornecedores tem provocado o cancelamento de voos cargueiros, a paralisação de transportadoras rodoviárias e a instabilidade generalizada na cadeia de distribuição de encomendas no Brasil.
Nos últimos dias, voos da Rede Postal Noturna — responsáveis pela entrega de serviços expressos como o SEDEX 10 — foram cortados pela metade em várias rotas. Na linha São Paulo–Porto Alegre, apenas quatro de dez voos programados foram realizados entre os dias 7 e 10 de abril. Na Salvador–Belo Horizonte–São Paulo, a situação se repete: menos da metade dos voos ocorreu.
No transporte terrestre, o cenário também preocupa: mais de 40 transportadoras já cruzaram os braços desde janeiro por falta de pagamento. Empresários relatam prejuízos com manutenção, financiamento de veículos e folha de pagamento. Há motoristas sem salário, empresas com frota parada e contratos sendo rescindidos unilateralmente.
Os Correios alegam que os serviços continuam “dentro da normalidade”, mas não apresentam plano emergencial de contingência nem cronograma transparente de regularização dos repasses. Enquanto isso, consumidores enfrentam atrasos, empresas perdem clientes e o comércio eletrônico — já fragilizado — sofre mais um duro golpe.
O Portal Jaciarabarros acompanha com atenção o impacto dessa crise em regiões menos assistidas, como o Tocantins, onde a dependência dos Correios ainda é maior do que nos grandes centros. Pequenos empreendedores relatam atrasos em pedidos, perda de confiança de clientes e insegurança sobre os próximos envios.
Essa crise logística, mais do que operacional, é também uma crise de confiança. Uma instituição pública, com mais de 350 anos de história, não pode perder sua credibilidade por falhas de gestão.
O país merece respostas, e os brasileiros — que continuam pagando por serviços postais — merecem respeito.