Comunicação Transformadora por Munyque Fernandes
A armadilha da crítica construtiva que não edifica ninguém
Nem toda crítica “construtiva” constrói — muitas apenas ferem disfarçadas de boas intenções. Por Munyque Fernandes

Vivemos um momento interessante da comunicação em que tudo parece ter se tornado opinião e, mais ainda, opinião “construtiva”. A expressão já virou muleta para quem deseja emitir julgamentos duros, camuflados de boas intenções. Quantas vezes alguém diz: “É só uma crítica construtiva”, e o que vem em seguida é, na verdade, um comentário seco, impessoal, muitas vezes desmotivador?
É preciso dizer com clareza: nem toda crítica “construtiva” cumpre o papel de edificar. Isso acontece porque, na essência da comunicação transformadora, não basta ter razão, é preciso ter conexão. É necessário compreender o momento, o tom, o contexto e, principalmente, o impacto das palavras. Ah, as palavras! O quanto elas podem ferir, elevar ou ajudar!
Nas redes sociais é comum “chover” de críticas, enquanto há um deserto de elogios. Será que perdemos nossa capacidade de vibrar com a vitória do outro? De comemorar pequenos feitos? De celebrar as conquistas? Não quero acreditar que só temos motivos para detonar as pessoas.
Uma crítica que não considera quem está do outro lado, que ignora o esforço, a intenção e o tempo do outro, dificilmente será construtiva. Na prática, será apenas mais uma pedra jogada no caminho de quem já está tentando construir algo com muita dificuldade.
Comunicar-se de forma transformadora exige mais do que sinceridade: é preciso ter responsabilidade. É escolher as palavras como quem escolhe tijolos para edificar e não para demolir. Uma crítica que edifica é aquela que vem acompanhada de acolhimento, proposta de solução e reconhecimento pelo o que já foi feito.
Se a sua crítica não ajuda a levantar, talvez seja hora de repensar se ela precisa mesmo ser dita ou ao menos como deve ser dita. Porque transformar não é corrigir a qualquer custo, mas contribuir para o crescimento até mesmo quando optamos pela torcida silenciosa, aquela em que a plateia quer o bem de quem está no palco, quer que dê certo, que seja um grande espetáculo e não um fiasco.
Por Munyque Fernandes