conecte-se conosco

Opinião e Editorial

Lei nº 14.553 é publicada para promover igualdade racial no mercado de trabalho

Avatar de Jaciara Barros

Publicadas

sobre

Foto ilustrativa referente ao tema abordado

Em abril de 2023, foi promulgada a Lei nº 14.553, trazendo importantes alterações aos artigos 39 e 49 do Estatuto da Igualdade Racial. Essa nova legislação visa determinar procedimentos e critérios para a coleta de informações relacionadas à distribuição dos segmentos étnicos e raciais no mercado de trabalho.

O artigo 39 do Estatuto já previa a responsabilidade do poder público em promover ações que garantam igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para a população negra. Com a recente alteração, a lei passa a exigir a implementação de medidas que visem à promoção da igualdade nas contratações do setor público, além de incentivar a adoção de práticas similares nas empresas e organizações privadas.

A modificação promovida é um avanço significativo para a efetivação do Estatuto da Igualdade Racial. Ela estabelece que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizará, a cada 5 anos, uma pesquisa com base nos dados coletados junto às empresas e entidades públicas. Essa pesquisa tem como objetivo identificar o percentual de ocupação por parte dos diversos segmentos étnicos e raciais no mercado de trabalho, fornecendo subsídios para a implementação de políticas nacionais de promoção de igualdade racial.

Para viabilizar essa pesquisa, a Lei determina que os empregadores do setor público e privado deverão incluir em registros administrativos informações sobre a identificação do segmento étnico e racial ao qual pertence cada trabalhador. Essa identificação será realizada com base na autodeclaração dos indivíduos.

Apesar da importância da coleta desses dados para a promoção da igualdade racial, surge uma questão importante em relação à conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Empregadores podem se questionar sobre como realizar esse tratamento de dados sensíveis de acordo com as disposições da LGPD.

A LGPD estabelece que o tratamento de dados pessoais só é permitido com base em uma das hipóteses previstas nos artigos 7º ou 11º. O dado pessoal sobre origem racial e étnica é classificado como sensível pela LGPD, e sua base legal de processamento é remetida ao inciso II, alínea a, do artigo 11, ou seja, processamento de dados para o cumprimento de obrigações legais ou regulatórias pelo controlador.

A nova lei define que a identificação do segmento étnico e racial deverá constar em formulários de admissão e demissão, formulários de acidente de trabalho, registros do Sistema Nacional de Emprego, Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e documentos destinados à inscrição de segurados e dependentes no Regime Geral de Previdência Social, bem como nos questionários de pesquisa do IBGE.

É importante ressaltar que, durante o processo de seleção de candidatos, a informação sobre raça e cor não é necessária. Essa informação deverá ser solicitada somente no momento da efetiva contratação do empregado, garantindo que o processo de seleção seja baseado no mérito e nas habilidades profissionais.

A fim de proteger os dados pessoais dos trabalhadores, as atividades de tratamento devem se restringir ao mínimo necessário para alcançar suas finalidades, com abrangência dos dados pertinentes, proporcionais e não excessivos. Portanto, durante o processo de escolha do candidato, o empregador deve coletar apenas as informações essenciais para o cumprimento das exigências da função, evitando perguntas invasivas que não contribuam para o exercício das atividades laborais.

Para garantir a adequação à Lei nº 14.553/2023 e à LGPD, recomenda-se que as empresas consultem seus especialistas em privacidade e incluam os dados pertinentes ao inventário, mantendo-o atualizado e refletindo a realidade da organização.

Com a implementação dessa nova legislação, espera-se que avanços significativos sejam alcançados na promoção da igualdade racial no mercado de trabalho brasileiro, possibilitando a criação de ambientes mais inclusivos e justos para todos os trabalhadores, independentemente de sua origem étnica ou racial.

Continue lendo
Propaganda
Clique para comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Opinião e Editorial

Bovarismo: a insatisfação que nunca sai de moda

O bovarismo, nascido na literatura, revela a eterna insatisfação humana. Hoje, ele vive nas redes sociais, no consumo e na busca por perfeição.

Avatar de Jaciara Barros

Publicadas

sobre

Bovarismo moderno: a eterna fuga da realidade pela fantasia
Bovarismo é mais atual do que nunca. Conceito nascido na literatura com o romance Madame Bovary (1857), do francês Gustave Flaubert, ele descreve a tendência humana de viver em conflito com a própria realidade, buscando refúgio em fantasias, idealizações e desejos impossíveis.
No século XIX, a personagem Emma Bovary se tornava símbolo de um mal-estar existencial. No século XXI, o bovarismo ressurge nas redes sociais, no consumismo desenfreado e na cultura da comparação. É a insatisfação que muda de roupa, mas não sai de cena.
O que é bovarismo?O termo foi cunhado pelo filósofo Jules de Gaultier, ao observar que muitas pessoas, como Emma Bovary, rejeitam sua identidade real e constroem versões idealizadas de si mesmas. Trata-se de uma forma de autoilusão constante, movida pela frustração com a vida cotidiana.

Emma era uma jovem entediada com seu casamento e com a vida provinciana. Apaixonada por romances românticos, esperava um amor arrebatador, aventuras luxuosas e emoções intensas. Ao não encontrar nada disso, mergulhou em dívidas, traições e angústias — até seu fim trágico.

Bovarismo moderno: a eterna fuga da realidade pela fantasia

O bovarismo nas redes sociaisHoje, o Instagram é o novo romance de Emma. Perfis polidos, rotinas editadas, sorrisos milimetricamente construídos. O bovarismo digital se alimenta da necessidade de parecer feliz, interessante e desejado.

Muitos vivem versões filtradas de si mesmos, projetando uma vida que não corresponde à realidade. É a nova forma de escapismo: trocar a frustração por curtidas, mesmo que o vazio continue ali.

O bovarismo e o consumoEmma Bovary também antecipou a lógica do consumismo contemporâneo. Ela comprava roupas, objetos e móveis para preencher seu vazio interior. Hoje, a sociedade de consumo opera com o mesmo princípio: vender promessas de felicidade, status e pertencimento.

A publicidade explora desejos, oferecendo soluções mágicas para a falta de sentido. O resultado? Compras por impulso, endividamento e uma sensação constante de que “ainda falta alguma coisa”.

Uma leitura feminista de Emma BovaryDurante muito tempo, Emma foi julgada como adúltera e fútil. No entanto, leituras feministas recentes revelam outra camada: a de uma mulher sufocada pelos papéis impostos, em busca de autonomia emocional e intelectual.

Emma não queria apenas amar, mas também viver — intensamente, livremente. Em uma sociedade patriarcal, esse desejo era considerado escandaloso. Seu drama revela o preço que mulheres pagam ao tentar escapar do destino que lhes foi traçado.

Por que o bovarismo continua atual?Porque a insatisfação é um traço humano. Todos, em alguma medida, sonhamos com algo além. Mas o problema do bovarismo não é sonhar — é recusar a realidade por completo e viver em função de um ideal inalcançável.

Hoje, como ontem, o bovarismo é um convite à reflexão: o que está por trás da nossa constante sensação de “não ser suficiente”?

O bovarismo é a história de Emma, mas também pode ser a nossa. Ele nos alerta sobre os perigos de fugir da realidade em busca de uma perfeição que não existe. A felicidade talvez esteja menos nas fantasias que nos vendem e mais na aceitação do que realmente somos.Emma Bovary ainda vive — só que agora, conectada ao Wi-Fi.
Você também já se pegou comparando sua vida com a dos outros nas redes sociais? Compartilhe esse artigo com alguém que precisa refletir sobre isso. 

Continue lendo

Opinião e Editorial

Juliana Marins: uma alma viajante que agora descansa em paz

Juliana Marins, apaixonada por paisagens naturais, conheceu o Jalapão em 2024 e compartilhava suas viagens pelo mundo com leveza nas redes sociais.

Avatar de Jaciara Barros

Publicadas

sobre

ela radiante diante de uma paisagem deslumbrante — possivelmente durante sua passagem pelo Jalapão.
Ela radiante diante de uma paisagem deslumbrante durante sua passagem pelo Jalapão. Imagem capturada do perfil @ajulianamarins
Palmas, TO — Conhecida por sua paixão por explorar paisagens naturais, Juliana Marins vivia sua vida como jornalista e aventureira: descobriu as dunas, cachoeiras e fervedouros do Jalapão, no Tocantins, em agosto de 2024, e compartilhava detalhes de suas viagens nas redes sociais — provas de que ela tinha o mundo como quintal.fotos tiradas do seu instagram ajulianamarins Foto ilustrativa referente ao tema abordado
fotos tiradas do seu instagram ajulianamarins

fotos tiradas do seu instagram ajulianamarins

A aventura que virou tragédia

Embarcou em fevereiro num mochilão pelo sudeste asiático — provando comidas, conhecendo culturas e postando cada etapa: Filipinas, Vietnã, Tailândia. Em junho, chegou à Indonésia: o destino final antes da tragédia.

No dia 20 de junho, por volta das 6h30 da manhã, Juliana começou a subida ao Monte Rinjani (3.726 m), vulcão ativo em Lombok. Durante uma parada para descanso, ela escorregou e caiu — estima-se que tenha despencado entre 300 m e 600 m em desnível, segundo diferentes fontes.

Quatro dias de mobilização e esperança

Turistas ouviram seus gritos e usaram drones para localizá-la a cerca de 500 m abaixo da trilha. A família enfrentou informações confusas — incluindo relatos de que ela teria água e comida e que o resgate era iminente, versões depois questionadas pela irmã, Mariana Marins.

Condições climáticas adversas — neblina, terreno íngreme e areia solta — impediram o acesso imediato. Helicópteros chegaram a ser cogitados, mas as autoridades locais os descartaram por segurança.

Desfecho que entristece o Brasil

Após quatro dias de buscas intensas — com até 50 profissionais envolvidos — o corpo de Juliana foi encontrado por drone e resgatado até a base de Sembalun no dia 24 de junho. As autoridades locais confirmaram que ela foi encontrada “sem sinais de vida”.

A Embaixada do Brasil em Jacarta cooperou com as equipes locais, e o Itamaraty prestou apoio à família. No Instagram, amigos e parentes agradeceram pelas milhões de mensagens recebidas durante os dias de angústia.

Legado e reflexões

Juliana Marins morava em Niterói e, além de publicitária, era dançarina de pole dance, apaixonada por fotografia e narrativa audiovisual. Sua jornada marcou o Jalapão como um dos momentos mais belos de sua vida, e suas postagens inspiraram muitos a viajar e se conectarem com a energia do mundo.

Hoje, o Monte Rinjani abriga uma lição dolorosa: natureza e aventura podem ser belas e transformadoras, mas exigem respeito aos limites e à imprevisibilidade — sobretudo em alturas extremas e terrenos traiçoeiros.

Que Juliana descanse em paz, guardada na lembrança de quem sentiu seu brilho. Que essa história sirva também de alerta — ao mundo e aos exploradores — sobre os riscos de se aventurar sem todos os cuidados.

Nossas condolências à família, amigos e admiradores — que encontrem conforto na memória vibrante da jovem que viveu intensamente.

Continue lendo

Opinião e Editorial

Campanha por Ana Caroline: doações de sangue são essenciais para nova cirurgia oncológica

Ana Caroline precisa de doações de sangue para cirurgia oncológica no fígado. Doe no Hemocentro em seu nome ou compartilhe a campanha.

Avatar de Jaciara Barros

Publicadas

sobre

Ana Caroline precisa de doações de sangue para cirurgia oncológica no fígado. Doe no Hemocentro em seu nome ou compartilhe a campanha.

Nas próximas semanas, Ana Caroline da Silva Ribeiro Sousa passará por uma nova cirurgia oncológica no fígado. Com fé e esperança na recuperação, ela inicia uma mobilização solidária em busca de doações de sangue, fundamentais para o sucesso do procedimento.

Ana Caroline precisa de doações de sangue para cirurgia oncológica no fígado. Doe no Hemocentro em seu nome ou compartilhe a campanha.

Em sintonia com o Junho Vermelho, mês dedicado à conscientização sobre a importância da doação de sangue, Ana Caroline faz um apelo à população: quem puder doar, que procure o Hemocentro mais próximo e informe seu nome no momento da doação.

Para aqueles que não podem doar, o pedido é simples e igualmente valioso: compartilhar essa mensagem com o maior número de pessoas possível.

➤ Requisitos básicos para doar:

  • Apresentar documento oficial com foto

  • Ter entre 16 e 69 anos de idade

  • Pesar no mínimo 50 kg

  • Estar em boas condições de saúde

  • Não ter ingerido alimentos gordurosos nas últimas 3 horas

Qualquer tipo sanguíneo é bem-vindo.
Dúvidas? Entre em contato com o Hemocentro pelo telefone 0800 642 8822.

Ana Caroline precisa de doações de sangue para cirurgia oncológica no fígado. Doe no Hemocentro em seu nome ou compartilhe a campanha.

Ana Caroline precisa de doações de sangue para cirurgia oncológica no fígado. Doe no Hemocentro em seu nome ou compartilhe a campanha.

A solidariedade pode salvar vidas — e neste momento, pode salvar a vida da Ana Caroline.

Continue lendo
Propaganda

DESTAQUES

Sair da versão mobile